quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Parada: Porto Velho

Rio Claro, Chapada dos Guimarães


Arara Azul, Pantanal.


Pôr do sol no Pantanal



Crédito das Fotos: Thobias Almeida

Cheguei hoje, 8 de janeiro, a Porto Velho. Passei 26 horas dentro de um ônibus da Gontijo e tive o primeiro aperto no coração. Um pneu estourou e o veículo não perdeu o controle por pouco. Ficamos parados por 1h até que conseguissem colocar tudo em ordem. O motorista, há apenas sete meses na empresa, não sabia realizar a tarefa. Os passageiros botaram a mão na massa e tudo correu bem, na medida do possível.

Assim que cheguei à capital de Rondônia a chuva amazônica desceu forte do céu e aplacou o calor, que dizem ser insustentável. Estou com sorte. Passei três dias em Cuiabá e o chão não ferveu como de costume, disseram-me os habitantes da cidade. Na capital do Mato Grosso fiquei hospedado na casa de meu grande amigo e conterrâneo Luizinho, que divide uma confortável residência (uma mansão, deixemos a modéstia de lado) com um gaúcho e quatro chineses, bancados pela empresa em que trabalham.

Os chineses merecem um parágrafo à parte. Falam um inglês tosco (não que o meu seja grande coisa, mas é inglês, até onde sei), têm entre 20 e 25 anos e permanecem rindo o tempo todo. Fizeram questão de preparar um jantar no dia em que cheguei. O cardápio foi arroz, frango, carne de boi, batata assada (mas preparada de uma maneira diferente), peixe, amendoim frito e uma parada que não tive coragem de experimentar, tudo muito apimentado. Os costumes dos chinas à mesa deixariam qualquer professora de etiqueta de cabelo em pé. Não os classifico como porcos, pois cultivam outros hábitos e costumes, porém, à vista ocidental, causam certo asco. Arrotos, peidos e cusparadas são comuns, e indicam satisfação com a refeição. Os ossos do frango são cuspidos direto no chão, assim como o vômito ocasionado pela bebedeira. A cerveja em lata é bebida quente (esses chinas são loucos, cerveja quente em Cuiabá, a cidade mais quente do Brasil?). Tive de sorver quatro ferventes latas de Skol, horrível. São preocupadíssimos com dinheiro e não gostam de trabalhar, ao contrário do que imaginamos, aliás, pelo que me disse Luizinho, se parecem mais com baianos nesse quesito.

Durante a viagem presenciei várias histórias no ônibus. Dentre elas, a de um senhor que iria até a capital de Rondônia para tratar dos rins (carregava uma bolsa de urina pendurada na cintura, o que limitava muito seu conforto, mas fazia questão de fumar comigo em todas as paradas e disse que o cigarro não havia sido proibido pelos médicos, o que duvido muito); um homem na casa de seus 40 e poucos anos que escoltou sua mulher, já beirando os 60, até BH para a retirada de um tumor, mas, chegando às Gerais, os médicos disseram que o tumor havia desaparecido; uma coroa que se não me falham os instintos era puta, isto devido aos seus trajes, maquiagem e a maneira oferecida de olhar para minhas pernas, denunciando que aquele flerte tinha endereço certo: uma transa na parte de trás de qualquer parada empoeirada da estrada e R$ 20 ou R$ 30 em suas mãos. Felizmente, eu dormi. Assim como esses, vários outros personagens pipocaram no ônibus, cada qual com sua grande e inigualável história para contar.

Continua chovendo forte em Porto Velho. A cidade não causa uma boa impressão à primeira vista. A falta de infra-estrutura é gritante, pois em pleno centro comercial há ruas de terra. As pessoas são em sua maioria morenas e troncudas, logicamente de fenótipo indígena. Há uma ou outra que foge dessa aparência. E como eu fujo, e muito, sou olhado como um E.T. pelas ruas. Aqui praticamente não há turistas, ao menos não vi nenhum.

Tive uma desagradável surpresa: ficarei por aqui até terça-feira, única data disponível para tomar o barco rumo a Manaus. Isto porque quero comprar uma passagem na cabine, devido à minha câmera e outros pertences de valor. Nas redes o sono não flui com tranquilidade, é um olho no sonho e outro na mochila. Assim, desembolso R$ 200 a mais por cinco dias de pleno conforto e regozijo em plena Amazônia, descendo o Rio Madeira. Dizem que o barco é agitado, e pude perceber isso hoje no porto. Todos apresentam potentes caixas de som que tocam sem dó o calypso, não a banda, quer dizer, ela também, mas trato aqui do estilo. Veremos o que acontece.

Até terça-feira terei tempo de postar todos os dias, pois pelo visto não há muito que se fazer em Porto Velho, ainda mais estando sozinho. À noite descerei ao porto e tomarei um porre, estou precisando. Vou um pouco preocupado, por mais que me tenham dito que a cidade é tranquila. Sozinho a conversa é outra. Assim, carregarei comigo minha super faca Spanta Brigator. O pior é que tenho certeza que não terei coragem de usá-la caso seja necessário. Ao menos, sinto-me mais seguro assim.

Na medida do possível publicarei mais fotos da viagem no blog. Ainda não fotografei Porto Velho devido ao mau tempo. Assim que o fizer, disponibilizarei as fotos.

Até amanhã.

3 comentários:

Unknown disse...

Tobias! fino seu blog!não deixe de atualizar..vou acompanhar sua viagem mto doida!
olha se achar um muiraquita la em belem traz pra mim??na verdade sao as mulheres que dao os muiraquitas para os homens..mas acho que encomendas nao ferem a tradicao!bjo, boa sorte!!!

Mauderez disse...

Tobias querido adorei seu blog. Espero que sua exploração amazônica apresente coisas inusitadas para ver, sentir e pensar. Amei as fotos do pantanal e da Chapada. bjs e boa viagem!
tia Val

Frederico disse...

zubias,

que viagem doida eim?
se, na volta, quiser passar por brasilia para um porre e um ótimo hospedar é só dar o toque!

ps) eu te falei pra vc levar meu mutxaco miague protector e vc não quis. vacilão!