domingo, 11 de janeiro de 2009

Parada: Porto Velho 3 - Parte 2

Depois de minha intervenção o papo deslanchou. Conheci o maluco Lord Byron (vulgo Jorge), Robson, que viria a se tornar meu guia em PV apresentando-me lugares e pessoas de raízes genuínas, Eugênio e o índio Raimundo, de Manaus, que todo mundo chama de Índio mesmo.


Bebendo com essa galera (como todo dono de boteco que se preze, Pimenta intervinha pontualmente no papo, sempre com um ar, verdadeiro, de grande conhecedor da região amazônica, não só de Rondônia).

Minha intenção era beber algumas no bar e depois cair numa das boates da área. Já tinha em vista uma especificamente, que tocava rock. Mas meus planos foram totalmente modificados pela turma. "Nada disso cara, ali você já conhece, é a mesma coisa aqui ou em BH. Vamos te levar no Mandacaru, aí sim você estará em Porto Velho". Hesitei no início, mas depois de olhar na direção do Pimenta tive o apoio de que precisava. Ele simplesmente balançou a cabeça positivamente, dando o aval para que eu seguisse com a malucada. E uso malucada no sentido literal, pois os caras jogavam pedra na Lua e juravam que tinham acertado.

Dois deles foram de moto e eu e Lord Byron fomos de táxi. Byron é neto de um ex-governador do estado, mas como resolveu beber e curtir a vida sem freio, creio ter sido renegado pela família. Casou com 20 anos, quando estudava filosofia em Manaus, com uma piauiense, e para lá rumou com sua paixão e coragem típicas da juventude. Largou tudo. Quando voltou já não gozava mais da guarita de sua família. Bem, se Byron foi realmente renegado eu não sei, mas essa percepção vem do fato dele pertencer a uma família rica e não ter grana nem para um cigarro, quanto mais para o táxi. Atualmente mora com a mãe, apenas os dois, e creio ser essa sua única função, fazer companhia à mãe, pois trabalho também não tem. Ainda assim é uma grande figura, sem dúvida, inteligente e divertido. E o fato de pertencer a uma família tradicional se comprovou com as conversas no bar, em que todos confirmaram a sua condição.

Retomando a jornada noturna, desembarcamos no Mandacaru. O local tem ares rústicos, com paredes de madeira e cobertura de palha, se não me engano. Não possui paredes internas, formando assim um ambiente interno amplo, composto por mesas e a pista de dança, embalada predominantemente pelo forró, mas que também abria espaço para outros ritmos. O engraçado vem agora: a média de idade dos frequentadores era 50 anos, no mínimo. Paquerar uma gatinha no local é inimaginável. Mas tudo bem, ali era um local tradicional da cidade e eu queria isso, conhecer PV uterinamente.

Dancei umas quatro músicas com uma parceira desse calibre, uns 50 anos, e dancei bem, segundo ela me disse. Forró roots mesmo, um pra lá um pra cá, sem esse negócio de girinho, voltinha, cirandinha e o caralho a quatro. Acredito que meus passos desinibidos se deram em função do álcool, que àquela altura já dominava minhas ações.

Ficamos no Mandacaru cerca de três horas e depois retornamos para a "Calçada da Fama". Já passava das 3h da madrugada.

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