segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Parada: Porto Velho 4

Aqui no Rio Madeira, pertinho de Porto Velho, está sendo construída a Usina Hidrelétrica do Jirau. A energia produzida por Jirau, assim como Santo Antônio, outra usina programada para o Rio, abastecerá o sul do país (Sudeste, Sul etc). São mega construções de um setor fundamental da infra-estrutura de qualquer país, o energético. E o Brasil ainda leva pontos extras por se valer da energia hidráulica, menos poluente e mais barata que outras alternativas viáveis atualmente, como usinas térmicas ou nucleares.


Porém, todas as pessoas com as quais conversei não aceitam Jirau e Santo Antônio. Segundo elas, o Rio Madeira será desfigurado e destruído com as obras. Alguns afirmam categoricamente que o Rio não aceitará a violência e se vingará de alguma forma. "Ninguém pode com o Madeira, esse rio é violento, é foda, se quiser pode arrasar com tudo de um dia para o outro. Eu rezo todo dia pra ele acordar e mostrar quem é que manda", me disse Tino, morador e ativista local (ativista aqui não significa "ecochato" ou "sócio-estridente-falador-ineficaz-engajado", simplesmente é um cara que se movimenta, que faz acontecer).


É possível avistar a área das obras a partir do Porto do Cai n´Água. E todos afirmam que aquele local com destino firmado debaixo das águas do reservatório é um dos mais belos da região, com cachoeiras e pequenos rios puros, perfeitos para a pesca e banho.


O desenvolvimento trazido pela usina, desde a sua construção, não ameniza o impacto no coração do povo porto-velhense. Eles amam o Madeira, amam a floresta, a fauna, não querem ver mutilado um de seus maiores patrimônios, por qualquer motivo que seja.


Um boato que corre pela cidade é que, a cada explosão, a quantidade de ouro que se revela é impressionante. Segundo eles, somente esse ouro extraído na construção já pagaria a obra. Repito, é o que eles me disseram, não há como comprovar uma vez que a obra é inacessível para estranhos. Mas não é de se duvidar, Rondônia está sobre um dos subsolos mais ricos do país. Porto Velho foi criada devido à construção da Ferrovia Mamoré-Madeira, na virada do Século XX, e expandiu-se no decorrer dos anos com o garimpo. Nos tempos áureos, contam os moradores, pepitas gigantes de ouro brotavam das águas quase que espontaneamente.

Na verdade a frase que resume a aversão às usinas é essa: Mais uma vez os nortistas sofrerão para que o resto do país se beneficie. Quando o resto do país sofrerá em favor dessa gente?

Para deixar claro, não defendo nenhuma posição aqui. Tirem suas conclusões.

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