domingo, 13 de julho de 2008

Nunca precisei tanto do ACDC


E palmas para Charles Bukowski

Nunca precisei tanto do ACDC. Aquela música vigorosa me arrepia a espinha, enche meu sangue de fúria, de exagero e de tranqüilidade. Sim, quando me gasto fico tranqüilo. Sigo aproveitando minha carcaça da maneira como bem entendo, e assim que a idade emitir sua nota promissória a quitarei com a maior dignidade possível. Ainda assim, a cabeça insiste em enviar recados idiotas, mesquinhos, que de tanto martelarem causam um terrível mal-estar.

Nunca precisei tanto do ACDC para aplacar o tédio. Uma vida cambaleante não é imune à rotina. Humanos são nômades, que se sentem à vontade caminhando rumo ao novo, ou ao velho. O que importa é se deslocar a maior distância possível, sempre. Tenho achado tudo muito repetitivo, mais ainda minha própria cabeça. Movo-me em um círculo, tragado pela conveniência, simplesmente isso. É fácil beber e fumar. Difícil é acreditar em algo, uma pulga que seja. Enquanto a reposta não chega, espero sentado em uma mesa qualquer, com um copo na mão.

Hoje pela manhã notei que meus dentes adquiriram manchas provocadas pelo cigarro. São horrendas, apresentam um tom amarelado sem vida e asqueroso. Isto porque os dentes bloqueiam os malefícios do tabaco, assim acredito, sacrificando sua beleza em prol da saúde coletiva do corpo. O pulmão direito envia notas de agradecimento, o esquerdo mandou dizer que não está nem aí, que não deve nada a ninguém. E como Bon Scott ensinou-me, os dentes nem são tudo isso. Há que se zelar pelos órgãos essenciais, os que permitam um homem continuar enchendo a cara. Claro, é uma tentativa falha, conflitante. Conservo meu fígado para poder beber mais, atividade que derreterá meu fígado algum dia. Mas qual das coisas que fazemos em vida não segue essa tendência?

Nunca precisei tanto do ACDC. Então, dêem-me licença, acabo de apertar o play para Highway To Hell. Um brinde.

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