Próxima parada: Belém

Novamente estou sozinho em minha viagem. Aline retornou ontem para o Rio Grande do Sul. Deixará saudades. Pretendo revê-la assim que possível, principalmente quando do lançamento de seu trabalho, o qual, acredito, será de grande qualidade. Presenteado com um livro seu, “Para Tarsila”, em que traduziu em poemas as telas da maior pintora brasileira, pude sentir a qualidade de suas letras. Apesar de entender tanto de poesia quanto de astronomia, faço essa afirmação por um simples motivo: a arte, se realizada de maneira verdadeira, no mínimo chama a atenção para a sua importância. E foi isso que aconteceu.

Sigo agora para Belém e creio que velhos hábitos reaparecerão. Durante os 20 dias que passei ao lado da gaúcha fumei menos (cinco maços de cigarro, que seriam consumidos em quatro dias, duraram mais de nove), bebi quase nada (ao todo devo ter tomado no máximo 10 cervejas e nenhuma dose, o que é espetacular frente a meus hábitos etílicos) e nada mais. E o melhor, não procurei o refúgio de artifícios extras por livre escolha, pois por ela não haveria problema algum.É que realmente estava numa boa, curtindo respirar um ar mais natural, menos carregado.

Bem, pelo visto os tempos de bonança terminaram. Já programei uma ida ao Bar do Armando hoje. Como não bebo há algum tempo, imagino que o álcool agirá com maior potência que a de costume, o que pode ser um bom e um mau sinal. Quando estou embriagado coisas engraçadas acontecem, é assim que as aventuras batem à minha porta. Isso é bom. Por outro lado, quando estou bêbado meu bolso não tem fundo e gasto o que tenho e o que meu filho ainda terá. Como a questão financeira começa a ficar periclitante, isso pode se transformar num problemão. Mas às favas com preocupações, quero beber, pois estou sentindo a falta da moça.

Parto amanhã às 11h para Belém. Todos me falaram muito bem da cidade. Acredito que viverei bons momentos nessa nova fase da viagem. Como fiquei escaldado com o barco que me trouxe de Porto Velho para Manaus, comprei uma passagem mais cara em troca de um conforto maior. Quero descansar nesses quatro dias de viagem e desembarcar em Belém inteiro, revitalizado, recuperado da primeira parte da jornada.

Muitos têm me questionado quanto à data do retorno. Sinceramente, não tenho data para voltar. Vou até onde der. Penso em dar as caras na Ilha de Marajó, fazer um passeio pelo Rio Tapajós, visitar o Maranhão (São Luís e Lençóis), Natal e o Jalapão, no Tocantins. Vamos ver até onde chego.

Como atualmente estou desempregado, convocarei o governo brasileiro em meu auxílio. Entrarei com a papelada para sacar meu seguro desemprego, o que dará um alívio nas finanças e estenderá meus passos alguns bons quilômetros. Viva o Brasil e sua rede de proteção social.

Bem, é isso, daqui a quatro dias retorno com mais notícias. Hasta!