quarta-feira, 7 de maio de 2008

A Fome por Dinheiro


Reproduzo abaixo alguns trechos de um texto do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que trata da atual crise de alimentos que assola o planeta. Leiam com atenção. Crédito à agência Carta Maior.

"A opinião pública está a ser sistematicamente desinformada sobre esta matéria [ a crise dos alimentos] para que não se dê conta do que se está a passar. É que o que se está a passar é explosivo e pode ser resumido do seguinte modo: a fome do mundo é a nova grande fonte de lucros do grande capital financeiro e os lucros aumentam na mesma proporção que a fome".

"Estes aumentos especulativos, tal como os do preço do petróleo, resultam de o capital financeiro (bancos, fundos de pensões, fundos hedge [de alto risco e rendimento]) ter começado a investir fortemente nos mercados internacionais de produtos agrícolas depois da crise do investimento no sector imobiliário."

"Nos últimos meses, os meses do aumento da fome, os lucros da maior empresa de sementes e de cereais aumentaram 83%. Ou seja, a fome de lucros da Cargill alimenta-se da fome de milhões de seres humanos."

Concordo inteiramente com as palavras de Boaventura. Ele é um pensador de esquerda, carrega consigo seus defeitos, mas, não há dúvida, é mais bem informado que nós. E consegue enxergar nas brechas do mundo.

Faz todo o sentido a sua tese. Grandes conglomerados, como a citada Cargill, são empresas criminosas. Procurem se informar sobre o que a Cargill anda fazendo na Amazônia. Há acusações de que a empresa expulsa pequenos agricultores de suas terras, valendo-se de jagunços, para expandir sua plantação de soja na região. Ativistas entram em confronto com seus seguranças diariamente nos portos da Amazônia para evitar o embarque da produção que, ao meu ver, pode ser classificada como ilegal, visto o local e a maneira como é executada.

Realmente, isso não chega até nossos olhos.


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