quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

É Isso


Este texto eu retirei do Blog do Mino Carta. Quem não conhece Mino Carta que vá pesquisar na net, pra deixar a preguiça de lado. Assino embaixo de suas palavras, perfeito!


O poder da Igreja Católica

Respondo a quem, educadamente, levanta objeções aos meus modestos comentários sobre o papa e o poder da Igreja Católica. Por licenças e incorreções cometidas no calor da argumentação, peço perdão. Permito-me, porém, esclarecer alguns pontos. Disse, e repito, concordar com o professor Candido Mendes, quando afirma que Bento XVI é o mais culto entre os papas dos últimos cem anos. E não tenho a mais pálida sombra de dúvida quanto à sua condição de entender o Antigo Testamento, e mais ainda o Gênesis, como metáfora de extraordinária força poética. Nem por isso, consta que tenha contestado a teoria criacionista, ou tomado posição a favor de Darwin. Tampouco estou a par – e aqui estamos nos domínios dos Evangelhos – de que ponha em questão, por exemplo, a virgindade de Maria. Sim, Ratzinger aceita tranqüilamente Copérnico e Galileu, e creio que o cardeal Belarmino, inquisidor de Giordano Bruno, (enfim queimado em praça pública, dia 17 de fevereiro de 1600, em Roma, no Campo dei Fiori), estivesse certo da esfericidade da Terra. Mas a larga maioria dos sacerdotes dos tempos de Galileu a tinham como chata, assim como dos púlpitos, por ocasião das primeiras eleições italianas do pós-guerra (para a composição da Constituinte, em 1946, e as políticas de 1948, após a promulgação da Carta) prometiam o inferno a quem votasse em candidatos comunistas e socialistas. Só Deus sabe, diria Armando Falcão, o mal que a Igreja Católica representou para a Itália, como principal entrave à unificação do país. E o mal feito a todos os homens, ao promover e cultivar a ignorância dos fiéis e a praticar a intolerância até os limites da violência extrema contra os chamados hereges, pela via da Inquisição e dos autos-da-fé, que anteciparam Hitler. À sombra da defesa da verdade inexistente e inalcançável, sinônimo da razão de Estado, que moveu a ação do Vaticano, sempre e sempre temporal, como convém a uma monarquia por direito divino, aniversariante de cerca de 2 mil anos. A filosofia, bem sabemos, procura a verdade, mas dentro de estreitos e contingentes limites, e reconhece a impossibilidade de atingir o absoluto. De minha parte, sou agnóstico. Ou, por outra, não consigo acompanhar, e sequer entender, quem afirma com desabrida certeza que Deus existe, ou que não existe. Kant, um dos homens mais inteligentes de todos os tempos, recusava-se a enveredar por estes caminhos. Humildemente, eu também."

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