terça-feira, 5 de agosto de 2008

Dois lados de um só Brasil


Brasil, Brasil. Pátria de extremos. Gigante que acomoda em seus braços o mal e o bem, a seriedade e a algazarra, traços de um país e de um bananal.

Leio que no Pará, na cidade de Viseu (limítrofe ao Maranhão), a população local, insandecida pelo assassinato de um jovem de 16 anos por um policial, tomou de assalto e incendiou a delegacia e o fórum, além de saquear a casa do juiz da cidade. Ele se safou porque pulou o muro de sua residência e fugiu. Os presos foram libertados pelos populares, portanto não viraram churrasco. Na verdade, é provável que tenham realizado um churras para comemorar o inusitado e triste acontecimento. Segundo a matéria da Agência Estado, outros prédios públicos também foram atacados. O três policiais que participaram da ação foram retirados da cidade, pois, como se vê, seriam descarnados vivos. O militar acusado de efetuar o disparo alegou que o jovem o agrediu e que a ação foi em legítima defesa. O motivo da ocorrência: um baseado.

Esse é o país que ainda se contorce no limbo.

Mas há que se ter esperança. E o próximo fato a oferece, suculenta e revitalizante, tornando o futuro um pouco menos tenebroso. Um juiz federal de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, vive uma situação limite simplesmente porque não arredou os pés de seus princípios, do que exige sua profissão. Ele está jurado de morte pelo crime organizado. Motivo: o nobre é uma metralhadora de sentenças. Em um ano condenou 114 traficantes e realizou um confisco geral dos bens adquiridos com o dinheiro sujo. A vara em que atua foi a que mais condenou traficantes no país nos últimos 12 meses. Sua cabeça está a prêmio, paga-se US$ 300 mil pelo seu sangue. Agora ele é obrigado a andar escoltado 24h por dia e se locomove num carro blindado que suporta disparos de AR-15. Interessante é que o juiz se mudou para o quartel do Exército e depois para o próprio fórum, por motivo de segurança. Isso mesmo, ele vive atualmente no fórum de Ponta Porã. A família ficou em Campo Grande, pois seria uma presa fácil. Ele conta que abdicou por completo de sua vida social, não vai a restaurantes, cinemas, nada. Inclusive se alimenta (almoça um marmitex) somente em locais especialmente escolhidos, pois corre o risco de ser envenenado. A honra desse homem é tamanha que ele poderia ser transferido para Campo Grande, onde é titular de uma vara. Porém ele crê na importância de seu trabalho e não abandonará a luta contra narcotráfico.

Esse é o país que quero. Palmas para o juiz de Ponta Porã, um grande exemplo do que alguém é capaz quando acredita de fato em sua missão.

PS: Não disponibilizei o link para a matéria do juiz porque a recebi via e-mail, que não identificou a fonte.

Um comentário:

Unknown disse...

Juiz Odilon de Oliveira.

Mais detalhes:

http://www.tribunadodireito.com.br/2005/julho/pg32_34.htm