quarta-feira, 23 de abril de 2008

Las Lobas Ciendientes - P1


Estamos há quatro dias cruzando o inferno. Caminhamos por uma mata fechada, abarrotada por mosquitos, animais peçonhentos e perigos inimagináveis. O grupo é formado por 45 pessoas. São 30 velhinhas combatentes e 15 reféns. Falta apenas um: aquele que irá nos salvar desse martírio.

Fomos capturados há mais de um mês pelas Lobas Ciendientes. Mais adiante explicarei quem são as Lobas e o que as move. Agora, prefiro relatar o que se passa nesse lugar que até mesmo o Rambo pensaria duas vezes antes de entrar. As velhinhas, apesar de franzinas e aparentemente debilitadas, têm uma força e capacidade física invejáveis. Realmente, fomos capturados por uma matilha muito bem preparada.

A rotina é extenuante. Acordamos às quatro da madrugada com chicotadas no rosto. A algoz matutina é sempre a mesma: Dona Léia. Que mulher ácida! Nos açoita com prazer. Cada chicotada seguida por um gemido de dor faz com que ela se derreta de alegria. Pobres daqueles que não conseguem levantar-se rapidamente, isto devido à exaustão profunda que toma conta de todos. Para estes existe o Banho de Fogo, uma brincadeirinha que as Lobas adoram praticar.

Os atrasados recebem dezenas de furos, feitos com agulhas de tricô, que logo depois são preenchidos com iodo e álcool. O toque final, atear fogo nas feridas, é dado por aquela que matou mais inimigos no dia anterior. Na maioria das vezes essa tarefa cabe a Dona Cissa, a mais estourada de todas, um tanque de batalha que não conhece a compaixão ou o amor ao próximo. Certa vez presenciamos Dona Cissa matar cinco inimigos de uma só vez e ainda comer seus órgãos genitais cozidos na baba de caramujo, prato que segundo ela é o segredo de sua ferocidade e força.

Após o desjejum (água barrenta e broa de fubá, que de tão endurecida é também usada como arma) nos preparamos para seguir mata adentro. Dona Clô, uma das líderes do grupo e a que aparenta ser a mais inteligente, define as coordenadas e dá a ordem para que todos peguem sua bagagem. Antes de sair, Dona Clô mira o céu e sempre repete a mesma sentença: "Já perdi muito tempo com você. Se quiser ajudar, que ajude. Se não, foda-se". Este é o seu diálogo com o homem lá em cima, seu antigo companheiro que hoje se transformou numa vaga e desagradável lembrança. E assim apertamos o passo em direção ao desconhecido.

Continua...

Um comentário:

Frederico disse...

huhuahuahuaha


claro que me lembro...to derretendo aqui

huahauhauauhua

QUE MULHER ÁCIDA....