segunda-feira, 19 de março de 2007

O Destino e os Homens



A vida parece correr nos conformes. A cabeça é requisitada somente para desatar os nós do dia-a-dia. O coração bate robusto, vivo, nutrido pelo amor a alguém. Os projetos de vida vão um a um ganhando forma, se concretizando na pueril estrada do futuro. Os sonhos se apresentam mais próximos, as conquistas comprazem a alma, os elogios enaltecem a capacidade de ser e agir. E, de repente, ele age de maneira inesperada, trazendo consigo a tristeza, a decepção, o lamento, a perda, a visão de que o trem da vida descarrilou. Ele é o destino.


Num primeiro momento, o desespero de sentir os pés se desgrudarem do solo firme é acachapante. Logo exclamamos, taxativos: “Não há mais volta”. Procuramos então os culpados e as razões pelas quais o destino apontou sua arma contra nossa tranqüilidade. Esquecemo-nos de que ele é isento de culpa e age sem motivos maiores, ele simplesmente acontece. É inexorável e incompreensível. Podemos até tentar controlá-lo, mas nunca conseguiremos, não da maneira como prevemos. Ele é tão arredio quanto o mais selvagem dos animais. Até aqui todos somos iguais.

Mas a maneira como lidamos com o imprevisto é que nos diferencia, a ação ante o obstáculo separa os fracos dos grandes, faz brotarem os homens e secarem os medíocres.


Há os que habitam a margem da angústia e do lamento. Estes adotam a companhia das lágrimas, e nelas se afogarão. Serão engolidos pelos acontecimentos e murcharão. Permanecerão resignados, queixando-se e queixando-se até que as cortinas do espetáculo se fechem. E quando isso acontece não há tempo para mais nada, muito menos para as lamúrias.


Do outro lado do rio da vida encontram-se os que se nutrem das dificuldades. Estes enxergam em cada infortúnio um aprendizado, uma possibilidade de exercitarem sua capacidade de superação. São homens que realizam a mais nobre ação de um ser: o tentar. Estes não se intimidam com a possibilidade do fracasso, estão dispostos a carregar em seus ombros o peso do Sol caso isso lhes proporcione a vitória. A rendição transmuta-se no mais vergonhoso dos pecados.


Óbvio que nem todos que tentam conseguem postar-se no altar dos gigantes, mas com certeza tombam com a sensação de dever cumprido. Reconhecem a potência do destino, mas não o temem, apenas o respeitam. Não se sentem derrotados, pelo contrário, experimentam como ninguém o calor da atitude. Os que se resignam ao se depararem com os espinhos do destino terão sempre suas chagas expostas, infeccionadas, serão sempre reconhecidos como fracos e impotentes.


É melhor aprender com as peças que o destino nos prega, pois a vida nada mais é que uma montanha-russa, com suas subidas lentas e graduais entremeadas por quedas bruscas. Aprendendo com as dificuldades, não mais berraremos quando a descida estiver à nossa frente.

Um comentário:

Sandro Almeida Santos disse...

Sábias palavras, Thobias... Sábias palavras!!!