quarta-feira, 25 de junho de 2008

White Stripes - Death Letter (Son House Cover)

Elis Regina - Águas de Março

Cartola - Corra e Olhe o Céu

Beach Boys - Good Vibrations

No Haiti, mas com a brisa de Monte-Carlo


Bem, mais uma contra a pesquisa sobre desigualdade. Notícia de hoje, aliás, de ontem, diz que o Brasil foi o terceiro país no mundo no aumento do número de milionários em 2007. Tivemos um glorioso desempenho na produtividade de senhores e senhoras de alta plumagem, mesmo que essa cobertura seja artificial e de baixa qualidade, como se costuma atestar por aí. Parece que o mau gosto é parte constituinte dos novos-ricos.

Mas o que importa é que se por um lado a renda dos mais pobres cresceu quatro vezes mais que a dos mais ricos, se é que os ricos participaram da pesquisa, como levantado em post anterior, os endinheirados continuam a acumular e acumular e acumular. Mérito de alguns, safadeza de vários. É mais ou menos assim: o pobre sai de R$ 300,00 para R$ 415,00. O rico de R$ 100 mil, R$ 200 mil, para R$ 1 milhão.

Vai me dizer que isso é reduzir a desigualdade? Então tá, no ano de 3789 já poderemos nos orgulhar. Na verdade, em minha néscia opinião, isso é mais um engodo, inventado pela política, operacionalizado por pesquisadores "engajados" e trombeteado pela imprensa. Só isso. Na casa de barro e chão batido, ou no bolso do profissional liberal que arrebenta a cabeça na parede para descobrir como estudar dois filhos em universidades particulares, muito pouco mudou.

Esse índice não pode ser analisado de maneira açodada. Avanços existiram, inegável. Muito em função do Bolsa Família, necessário em minha opinião, mas também do real crescimento econômico vivenciado pelo país, como há muito tempo não provávamos.

Mas a pulga que insiste em coçar minha orelha é a seguinte: antes comiam pedra e capim crus. Hoje, comem capim e pedra cozidos. Adianta? O dilema é: fazer melhor nesse modelo de engrenagem ou fazer de novo, com outras peças, nova linha de montagem, novos horários, organização, regras, objetivos, missão? É válido consertar copos quebrados? Pensem e me respondam.

terça-feira, 24 de junho de 2008

YES


"Eleva-se novamente a auto-estima do brasileiro, a exemplo do que aconteceu nos anos dourados da era JK, mas ao contrário de 1958, o Brasil de hoje, apesar da crise mundial, tem uma inflação sob controle", disse Lula em solenidade comemorativa dos 50anos da Bayer no Brasil. Reuters

Ministério Público vai pedir explicações sobre morte de 12 bebês
Crianças estavam internadas em hospital de Belém. Promotor diz que condições precárias da unidade de saúde já haviam sido denunciadas.
G1

Investigações indicam que esquema de desvio de verbas foi aprimorado FolhaOnline

Rio: perícia encontra vidro moído no café do secretário de Segurança
Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli encontraram vidro moído na borra do café servido no gabinete do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.
Terra

Suspeito é baleado em disputa entre traficantes UAI

A auto-estima anda mesmo nas alturas, como não?

Como?


"Diferença entre salários de ricos e pobres diminui, diz Ipea"

Esses dados (baseados em informações oficiais sobre o mercado de trabalho), no entanto, excluem a principal fonte de renda dos mais ricos, tais como ganhos de capital e a renda auferida com imóveis. Essas fontes de renda aumentaram mais rapidamente durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mostrou o estudo.

"Isso representa um problema para todos os países. Essas pesquisas não incluem os ricos", afirmou o presidente do Ipea [Márcio Pochmann].

Uai, mas aí fica difícil. Afinal de contas, uma pesquisa que procura verificar o índice de desigualdade que não inclui os ricos? Como assim? É, esse mundo anda complicado de entender...

PS: Melhor ainda é o grande exemplo de jornalismo dado. O título é desmentido pelo próprio conteúdo que anuncia.

Para ler a matéria, publicada no site da Reuters, clique aqui.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Confidencial

O link abaixo leva aos documentos do Exército, confidenciais, que tratam da negociação com traficantes no Morro da Providência, tema tratado em um dos posts anteriores.

Clique aqui.

E nasce a favela


Leiam e conheçam o surgimento da favela. Crédito ao Ex-Blog do César Maia.

A SÍNDROME DE CANUDOS! OU: A HISTÓRIA SE REPETE COMO TRAGÉDIA!

1. Entre 1896 e 1897 o Exército Brasileiro foi chamado a intervir em Canudos, um arraial muito pobre, onde um místico religioso proclamava a autonomia e reproclamava a monarquia. Custou a derrotar Canudos, pois não conseguia ocupá-lo militarmente em função das vielas irregulares do arraial. Bastavam facas para golpear os soldados perdidos entre elas. Terminou arrasando o arraial com canhonaços, eliminando grande parte dos que ali viviam.

2. De volta ao Rio, Capital na época, os soldados foram assentados no Morro da Providência com promessas de casas, que, aliás, nunca vieram e ali ficaram, vivendo no morro. A impressão que Canudos lhes causou foi de tal ordem, que chamaram o morro de Favela, uma planta/pequeno arbusto que se espalhava no morro onde ficaram acampados em frente a Canudos.

3. Mais do que isso. Numa espécie de Síndrome de Canudos (analogicamente a de Estocolmo entre seqüestrado e seqüestrador) foram ocupando definitivamente o morro, desenhando esta ocupação da mesma forma do arraial que enfrentaram, de forma desordenada, com vielas, curvas desorientadoras. Ou seja: reproduziram o desenho urbano do arraial.

4. Favela passou a ser o nome do morro e seu desenho urbano irregular passou a ser conhecido como Favela. Tanto o nome como o desenho passaram a ser o modo de ocupação e a nominação de todas as favelas, daí para frente, passando a ser uma marca dentro e fora do país, cuja significância é automática ao ser citada.

5. Hoje o Exército retorna ao morro da Favela. E retorna pelas mãos de um MÍSTICO DE AUDITÓRIO. Alguns militares incorporam as piores práticas existentes no morro e se mimetizam com o tráfico de drogas e a violência. E o que é pior: reproduzem, 110 anos depois, o mesmo desgaste de finalidade e de imagem que o Exército Brasileiro sofreu em Canudos.

Fato consumado

Centralismo democrático

Em 1997, quando era líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira reuniu a bancada para escolher a quem caberia a presidência da Comissão de Ciência e Tecnologia. Na verdade, tratava-se de uma formalidade, pois o pernambucano já havia definido o nome em encontro com os caciques Marco Maciel e Jorge Bornhausen. Logo no início da reunião, Inocêncio anunciou:
-O escolhido será o deputado Ney Lopes, que tem um projeto político e precisa de visibilidade.
Contrariados, vários postulantes ameaçaram ir embora. Ao que Inocêncio deu um murro na mesa e berrou:
-Ninguém sai! Este é um partido democrático, no qual até fato consumado tem de ser discutido até o fim! (Folha de S.Paulo)


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domingo, 22 de junho de 2008

Aperte minha mão


Exército liga assessor do senador Marcelo Crivella a tráfico

Documento do serviço reservado do Exército afirma que um assessor do senador Marcelo Crivella negociou com traficantes do morro da Providência uma espécie de política de não-agressão durante a ocupação da favela para o projeto Cimento Social. De acordo com o documento, em 6 de abril, o assessor descrito como "Eduardo de tal afirmou ter conversado com "a cúpula dos traficantes na comunidade" e garantido a segurança dos operários durante as obras, em encontro em outubro na Providência com três militares.” Os traficantes garantiram que não haveria qualquer tipo de retaliação, desde que não fossem incomodados. Os traficantes se comprometeram a desmobilizar as "bocas-de-fumo" que estiverem próximas aos locais de obras". A reunião, foi monitorada todo o tempo, segundo o Exército, por "seis elementos pertencentes à facção criminosa Comando Vermelho". As 80 casas da primeira etapa do "Cimento Social" ficam na localidade conhecida como "Laje", justamente onde fica a boca-de-fumo "Boca do Barão". (FolhaOnline)

Quando o Exército negocia com a "cúpula do tráfico", aumenta a percepção de que o poder paralelo real e robusto está cada vez mais forte. As forças armadas guardam um simbolismo enorme, a pátria está ali encarnada de maneira definitiva, para o bem e para o mal. E essa representação não dá liberdade para negociações com traficantes. A cena é, de fato, o reconhecimento oficial do tráfico como poder constituído.

Assim, as forças se esvaem. Na quarta-feira dois traficantes são presos, são apreendidas alguns gramas de cocaína, na quinta-feira um policial é baleado, na sexta um barracão é estourado e cinco menores são "conduzidos" até a delegacia. Se lá chegam, provavelmente são liberados pouco tempo depois. É pouco, muito pouco.

Não se vê nada de concreto, mas é óbvio, nenhum cachorro morde o próprio rabo. Não é mesmo senhores de gravata?

Ovos gritos


Argentina
Eliminada na primeira fase após ser goleada pela Tchecoslováquia por 6 a 1, a seleção do país vizinho foi recebida sob gritos de "bêbados" e "degenerados". Torcedores lançaram moedas, ovos e cuspiram nos atletas no conturbado desembarque no aeroporto de Ezeiza.

E então? Pensam que essa notícia é recente? Não. A informação data de 22 de junho de 1958. Incrível, algumas coisas não mudam nunca, mesmo! Torcedor é torcedor em qualquer época, em qualquer lugar.

domingo, 15 de junho de 2008

Talvez eles mereçam


A essa hora aquelas ruas já estão cheias de gente, de poeira, de barulho, de fumaça, de trapaças e de boas intenções. A multidão segue seu caminho trilhado em círculos, disparatada. Todos se toleram, todos se olham, todos se desviam. Estão debaixo da mesma poluição, têm algo em comum.

Aquele homem está deitado, pedindo esmolas. É o que restou a ele. Talvez tenha feito por merecer. Quem sabe já roubou, traiu, cobiçou e destruiu. Quem sabe era um carrasco para os filhos, que agora o deixam abandonado, acompanhado pelo lixo. Seu rosto não denota nenhuma emoção, apenas marca a proximidade da morte. Ele é menos importante que a grama, tapete verde que costumeiramente recebe uma placa alertando para sua fragilidade: “Não pise”. Aquele homem não dispõe de tal tratamento, não há placas denunciando sua fraqueza, não há nada a protegê-lo da sola do mundo. Talvez ele mereça.

Um pouco à frente um gordo se entope de pastéis, enfurnado em um cubículo pintado a gordura. Sua cor vermelha, o suor que escorre da testa e molha sua camisa, a respiração ofegante, os olhos arregalados, tudo denota sua má condição de saúde. Mas ele não se importa, a gordura é seu combustível. Talvez ele mereça. Já pode ter sido um atleta, possuidor de um corpo azeitado como uma Ferrari. Competia e ganhava. Mas valia-se de subterfúgios, se dopava. Foi banido das arenas, e o que restou foi apenas o prazer de destruir aquilo que já foi seu maior tesouro, seu corpo. Seu coração está com data marcada para pifar. Talvez ele mereça.

Seguindo, a figura de uma mulher surge e inunda a cena. Bem vestida, de cheiro agradável, cabelos lisos e nutridos, corpo curvilíneo e atraente. Somente seu olhar foge da normalidade. Mira o nada e acerta em ninguém. Certeza, aquilo é tristeza. Talvez ela mereça. Sabe-se lá se aquela mulher, do alto de seus trinta e poucos anos, já viveu um grande amor, já sentiu o que é ter alguém ao seu lado que estaria disposto a sacrificar-se em troca de sua felicidade, alguém que deslocaria o eixo da terra para que a sombra se aconchegasse em sua cabeça, alguém que seria capaz de criar o mundo novamente a seu gosto e simpatia. Mas ela, em troca de uma noite de gozo irresponsável, de uma fugaz realidade sem densidade, cortou esse amor. Ele se foi, não era homem de aceitar traições. Ela ficou, e desde então seus olhos não se fixaram em mais nada. Onde está aquele que quero, quem agora está deitado em seu peito, perguntas que martelavam seus pensamentos. Nunca mais sentirá nada, por ninguém. Nem pelos gatos ou cães. Está fadada a ser uma eterna admiradora da felicidade alheia. Talvez ela mereça.

Um pouco à frente, entretido na análise rasa dos outros, tropeço em um buraco. O tombo em uma rua lotada é dos acontecimentos mais vexatórios de nosso tempo. As mãos se ralam, a pele é esfolada e as gotas de sangue começam a brotar. Elas ardem. “Machucou?”, “O que aconteceu?”, “Hihihihihi”. Sigo com passos afoitos, quero sair logo dali. Fiquei exposto. O tornozelo também foi afetado. Obviamente, o joelho foi outro que se ralou, mas agora não há tempo para verificar todos os arranhões. De tanto prestar atenção nos outros, acabei não enxergando o buraco em minha frente. Talvez eu mereça.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Isso é legal!

Valeu pela dica Fredão.


MUTO a wall-painted animation by BLU from blu on Vimeo.