quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Pausa

Só voltarei a postar depois do carnaval. Portanto, não pensem que deixei de lado o "Viagens". Descobri um prazer que até então encontrava-se escondido nas vielas da preguiça.
Agradeço os acessos, que são escassos, reconheço, mas que me motivam a continuar.
Até lá!

É Foda! (desculpem a expressão, mas é foda mesmo)


Um dado que diz muito sobre quem anda ganhando muito no Brasil, não só de agora, mas desde sempre. A republiqueta do sol e da complacência desembolsou com pagamentos de juros, de janeiro de 2003 a novembro de 2007, R$ 851 BILHÕES!!! Isso é mais da metade do PIB de 2007!!! (Confira matéria completa no Congresso em Foco)


O guloso mercado abocanhou em quatro anos dinheiro suficiente para solver todos os problemas nacionais, da infra-estrutura à educação, e garanto ainda sobraria muito. Esse montante corresponde ao juros das dívidas externa e interna.


Justiça seja feita, isso não é culpa exclusiva do Governo Lula. Nesse caso, a "herança maldita" existe, deixada por mandatários passados tão ou mais ineptos que os atuais. É muito dinheiro meus caros, entregue assim, sem contrapartida alguma, nas mãos de gente que sequer sabe o que é arroz com feijão.


É duro de aceitar e compreender. Como pode quem trabalha e produz riqueza suar para conseguir sobreviver com uma merreca de salário, enquanto alguns que possuem mãos de seda e nariz empinado, habitantes da extratosfera social tupiniquim e internacional, vivem à base de manjares, vinhos finos e outras pompas mil?


Pior, como a maioria aceita isso, caladinha, quietinha, mansinha, como se fosse uma dócil cadelinha no cio apenas esperando um cachorrão se aproximar e roubar-lhe a bunda de uma hora pra outra?


Só pra constar, cerca de 190 mil pessoas detêm metade de toda - eu disse de toda - riqueza nacional, no caso, o PIB. Mas que adianta espernear por algo que todo mundo já sabe? Não adianta nada, acabo caindo no pedantismo.


Não dá pra entender. Deve ser as novelas da Globo!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Minha Vitrola


Artista: A Bolha

Disco: É Proibido Fumar (1977)

Gênero: Rock

Sonho que Vira Realidade


Está em todos os sites noticiosos: "Parlamentares brasileiros ficam presos na Antártida".

Um grupo de 13 parlamantares, entre senadores e deputados, estão ancorados no continente gelado devido ao mau tempo, que impede que um avião da FAB decole de uma base chilena para buscá-los. Foram até lá em uma "missão".

Dois lamentos: são só 13 e o mau tempo deve se dissipar em breve.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

É Isso


Este texto eu retirei do Blog do Mino Carta. Quem não conhece Mino Carta que vá pesquisar na net, pra deixar a preguiça de lado. Assino embaixo de suas palavras, perfeito!


O poder da Igreja Católica

Respondo a quem, educadamente, levanta objeções aos meus modestos comentários sobre o papa e o poder da Igreja Católica. Por licenças e incorreções cometidas no calor da argumentação, peço perdão. Permito-me, porém, esclarecer alguns pontos. Disse, e repito, concordar com o professor Candido Mendes, quando afirma que Bento XVI é o mais culto entre os papas dos últimos cem anos. E não tenho a mais pálida sombra de dúvida quanto à sua condição de entender o Antigo Testamento, e mais ainda o Gênesis, como metáfora de extraordinária força poética. Nem por isso, consta que tenha contestado a teoria criacionista, ou tomado posição a favor de Darwin. Tampouco estou a par – e aqui estamos nos domínios dos Evangelhos – de que ponha em questão, por exemplo, a virgindade de Maria. Sim, Ratzinger aceita tranqüilamente Copérnico e Galileu, e creio que o cardeal Belarmino, inquisidor de Giordano Bruno, (enfim queimado em praça pública, dia 17 de fevereiro de 1600, em Roma, no Campo dei Fiori), estivesse certo da esfericidade da Terra. Mas a larga maioria dos sacerdotes dos tempos de Galileu a tinham como chata, assim como dos púlpitos, por ocasião das primeiras eleições italianas do pós-guerra (para a composição da Constituinte, em 1946, e as políticas de 1948, após a promulgação da Carta) prometiam o inferno a quem votasse em candidatos comunistas e socialistas. Só Deus sabe, diria Armando Falcão, o mal que a Igreja Católica representou para a Itália, como principal entrave à unificação do país. E o mal feito a todos os homens, ao promover e cultivar a ignorância dos fiéis e a praticar a intolerância até os limites da violência extrema contra os chamados hereges, pela via da Inquisição e dos autos-da-fé, que anteciparam Hitler. À sombra da defesa da verdade inexistente e inalcançável, sinônimo da razão de Estado, que moveu a ação do Vaticano, sempre e sempre temporal, como convém a uma monarquia por direito divino, aniversariante de cerca de 2 mil anos. A filosofia, bem sabemos, procura a verdade, mas dentro de estreitos e contingentes limites, e reconhece a impossibilidade de atingir o absoluto. De minha parte, sou agnóstico. Ou, por outra, não consigo acompanhar, e sequer entender, quem afirma com desabrida certeza que Deus existe, ou que não existe. Kant, um dos homens mais inteligentes de todos os tempos, recusava-se a enveredar por estes caminhos. Humildemente, eu também."

Absurdo


Um absurdo, um absurdo. A pilhagem do cofre nacional é incontrolável e alcança um grau de desfaçatez tão elevado que chega a ser inacreditável. Mas é verdade. Eis mais um exemplo.

O governo possui cartões de crédito corporativos, entregues a servidores para gastos emergenciais (pagamento de diárias, compras de materiais etc). Pois bem, segundo dados divulgados pelo próprio governo (acesse o Portal da Transparência) há pagamentos efetuados com o cartão corporativo em estabelecimentos como joalherias e lojas instrumentos musicais.

O gasto total com os cartões, em 2007, foi de R$ 75.656.353, 91!

Agora me digam, isso é tratar com seriedade o dinheiro público? Não precisam responder.

Alguma medida será tomada para frear e fiscalizar essa gastança? Não precisam responder.

O Brasil algum dia se tornará um país de "gente grande" com estas gritantes irresponsabilidades que eclodem dia sim e outro também? Não precisam responder.

Alguém da sociedade civil, inclusive eu, fará algo contra estes assaltos oficiais? Não precisam responder.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Picadeiro


Está no ar a primeira edição do Picadeiro, um negócio que eu criei e que, para continuar, conto com a colaboração de quem quiser e puder ajudar. Qualquer conteúdo pode ser colocado no Picadeiro, sua linha editorial é livre (pra não dizer avacalhada). Então entrem, leiam, e se quiserem, me ajudem a construir o próximo número. É isso, boa leitura!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Minha Vitrola


Artista: Skip James

Disco: Blues From Delta (O disco é de 1998, o bluseiro, das antigas, eterno!)

Gênero: Blues

Minha Vitrola


Artista: Nina Simone

Dsico: I Got Life and Many Others (Coletânea)

Gênero: Blues/Jazz

Lição de Mestre


Novamente, um post direcionado aos colegas de profissão, aos interessados em comunicação e também aos que não querem se informar como cordeiros de rebanho.

Peguei no blog do excelente Geneton Moraes Neto, um dos melhores jornalistas da atualidade, entrevistador exímio. Aliás, em seu blog, pode-se ler entrevistas de grandes personalidades, de Pelé a Nelson Rodrigues, todas elas de assombrosa qualidade. São personagens que explicam nossa história, ou ao menos a narram de uma perspectiva ímpar.

Perguntado sobre conselhos para novos jornalistas, ele disse, citando Louis Heren, falecido profissional inglês:

“Toda vez que estiver ouvindo presidentes e ministros, líderes sindicais ou empresários, iogues ou delegados de polícia, o repórter deve sempre perguntar a si mesmo: por que será que estes bastardos estão mentindo para mim?”.

Direto, no ponto!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Ensinamento


"Só é cantador quem traz no peito o cheiro e a cor de sua terra. A marca de sangue dos seus mortos e a certeza de luta de seus vivos".

Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai - Saga da Amazônia

Daqui não arredo o pé


Declaração de Garibaldi Alves, Presidente do Senado eleito no final de 2007, na Folha de S.Paulo de hoje.

"Meu desejo agora é permanecer mais oito anos no Senado. Eu gosto daqui."

Por que será hein? Alguém sabe responder?

domingo, 20 de janeiro de 2008

Sem Rumo


Este é o editorial da Folha de S.Paulo de hoje, que trata da caótica situação do ensino superior no país. Concordo que é necessário um aumento em larga escala do acesso ao ensino superior. É na academia que produzimos estudiosos, produtores de conhecimento (novas tecnologias, técnicas econômicas, processos industriais, teorias das ciências humanas, filosofias gerenciais etc) e mão-de-obra de alta qualificação, que ingressará no mercardo de trabalho e produzirá riqueza para a economia.


Porém, o projeto de aumento do número de estudantes de terceiro grau é gerido sem um critério que leve em conta a realidade de nossa sociedade. Não que eu defenda um direcionamento direto dos estudantes, por parte do Estado, para determinados cursos. Essa prática só é materializada em governos autoritáros, o que não é o caso, além do que isso levaria-nos simplesmente à extinção do pensamento livre.


É simples, e como bem defendeu o editorial, algumas soluções podem ser aplicadas no curto prazo para corrgir o desvio apontado pelo censo educacional. Incentivar cursos que formam profissionais em déficit no mercado; frear o ímpeto de cursos em alta, com demanda incompatível para a realidade do mercado; e finanaciar a pesquisa em todas as áreas, incentivando os que têm talento acadêmico genuíno a permanecer na universidade, inovando e gerando o mais valioso bem de capital da atualidade, o conhecimento.


Leiam texto do blog que já tratou um pouco disso, "A Universidade que Entristece".



Folha de S.Paulo - Opinião - 20 de janeiro de 2008

Assinantes Folha e UOL, íntegra do editorial aqui.



Canudo de papel

Censo educacional registra absurdos: país forma dez vezes mais professores de literatura do que de física

HÁ ALGO DE esdrúxulo e preocupante no ensino superior brasileiro. O censo oficial do setor, divulgado em dezembro, registra aberrações curiosas. Existem, por exemplo, dez vezes mais estudantes matriculados em cursos para a formação de professores de literatura do que para o ensino de física e química, áreas didáticas de importância que deveria ser equivalente. São 175 mil os que cursam jornalismo, cifra cinco vezes maior do que a de jornalistas que hoje trabalham com carteira assinada em todo o país (35 mil).

Não há tampouco critério racional que explique o motivo de os estudantes de medicina (74 mil) serem pouco mais numerosos do que os de turismo (66 mil), carreira necessária, embora inflada de forma artificial por um modismo. Igualmente grave é haver 589 mil matriculados em direito, número que supera os 571 mil advogados da ativa registrados pela OAB, como informou Rogério Gentile em texto publicado segunda-feira nesta Folha.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Minha Vitrola


Artista: Son House

Disco: Martin Scorsese Presents The Blues (2003)

Gênero: Blues

A Mãe e o Cantor


O parto foi tranqüilo, tão quanto um parto possa ser. O menino nasceu forte, saudável, à primeira vista como qualquer outro bebê. Fora precedido por outros cinco irmãos, sendo que o mais próximo já havia visto a luz há sete anos. Era fruto de um descuido, sua vinda não pairava nos planos dos pais. Talvez por isso nunca pertenceu realmente àquela família. Não trato aqui de questões afetivas, mas sim de comportamento. Vocês entenderão.

Desde novo seu gênio se mostrou impulsivo e explosivo. Era agitado, elétrico, irrequieto, uma faísca de energia que corria por todos os cantos da casa sem parar, que necessitava de uma vigília fina para que não se ferisse ou quebrasse algo. Outro lado de sua personalidade que despontou cedo foi o amor pelo barulho, barulho que mais tarde se converteria numa melodia angelical, agradável, que tomava de assalto os ouvidos daqueles que puderam beber de seu talento.

Aos seis anos o pai presenteou-lhe com um pequeno tambor de plástico, eliminando assim qualquer possibilidade de silêncio naquela casa, ao menos enquanto o jovenzinho encontrava-se acordado. Um ritual era seguido à risca pelo pequeno. A cozinha de seu lar tinha uma porta que levava a um pequeno terreiro, que possuía um degrau de mais ou menos 30 centímetros. Ali sentava-se, por volta das 10 horas da manhã, quando a mão iniciava a feitura do almoço, e iniciava suas incursões pelo ritmo. No começo, um barulho irregular e desagradável, que mais tarde viria a transformar a larva em borboleta. A mãe não se importava, e tinha planos para aquele que parecia ser o único dos filhos que demonstrava uma queda para a arte.

Ela imaginava seu rebento, no auge dos vinte, trinta anos, sendo escutado em todo país, quem sabe, até mesmo no exterior. Tinha certeza de que ele guardava consigo uma jazida de diamantes que, ao ser descoberta, seria mais valorizada que qualquer outra. E nada mais justo do que seu pensamento, visto que ela acompanhou a evolução de seu menino ano a ano. Foi ela quem convenceu o marido a comprar um violão para o agora rapazinho, na plenitude de seus 12 anos. Foi ela quem bancou as aulas de música que ele começou a freqüentar ainda naquele ano. Era para ela que ele tocava todas as manhãs, com ar solene e hora marcada, sempre às 10 da manhã.

Aquele batuque disforme agora transformara-se em músicas de artistas que cantavam poesias, histórias de vida, cicatrizes profundas que marcaram o coração de tantos. Vez por outra ele perguntava à mãe quais eram seus músicos favoritos, para assim aprender a executar suas obras e exibi-las no concerto particular das 10. E ali os dois permaneciam por um longo tempo, ele tocando, ela apreciando a arte que brotou de seu ventre.

Assim foi até o garoto completar 16 anos. A hora de buscar um lugar na vida havia chegado. Como o adolescente só se mostrou disposto a encarar a música, seu pai havia dado o ultimato: ele queria que isso rendesse algo de concreto para a vida de seu filho, em suma, queria vê-lo ganhar alguma renda com aquilo. Não seria possível sustentá-lo para o resto da vida, as condições não eram boas. Assim o jovem partiu para a estrada aos 17 anos, sem nenhuma perspectiva concreta à vista. A mãe, como todas as outras, foi contra a expor seu filho de maneira tão radical às malícias do mundo, mas não foi escutada. A decisão já estava tomada.

E assim ele partiu em busca do sonho. Percorreu meio mundo em suas andanças, tocou em todos os tipos de bares, prostíbulos, biroscas e afins que encontrava no caminho. Como não podia deixar de ser, foi apresentado aos prazeres baratos da vida, bebida, putas e drogas. E mergulhou fundo nessa estrada.

Os dias viraram noites, o ritmo era pesado, o corpo era posto à prova. A rotina era simples: um porre, uma puta e várias carreiras durante as apresentações. Conseguiu equilibrar-se nessa corda durante alguns anos, mas o excesso cobrava agora sua fatura. A evolução musical que poderia levá-lo a um patamar mais refinado e elevado, artisticamente falando, foi interrompida. O ímpeto para compor esvaiu-se. A qualidade de seus shows já não era a mesma. Começaram a escassear os locais dispostos a contratá-lo. O dinheiro, que nunca foi muito, agora era irrisório. A ruína de seu sonho estava desenhada.

Quanto mais o abismo se aproximava mais se entupia daquilo que fizesse sua cabeça flutuar. A saúde iniciou seu ciclo de debilidade. Eram constantes os vômitos, que jorravam misturados com sangue. Via a vida escorrer pelas privadas imundas dos chiqueiros em que tocava. Não tinha dinheiro nem disposição para procurar um médico. Não tinha coragem de recorrer à família, pois voltaria como um derrotado que não conseguiu dar vôo às suas asas. Quando ligava mentia, mentia descaradamente, dizia que tudo estava bem, que oportunidades se avizinhavam, que sua hora estava chegando.

A mãe acreditava no que ele dizia até certo ponto. Algo lhe cutucava as costelas todas as noites, a insegurança era sua companheira, pressentia que nem tudo eram flores. Mas sua ação era muito limitada, agora ele já tinha 26, já era homem formado e escolado na vida, sabia o que queria ou não, o que podia e o que não podia fazer. Realmente ele sabia, mas só fazia o que não podia.

Até que uma ambulância bateu à porta daquela casinha simples numa manhã de sábado. O serviço social da prefeitura da cidade onde estava foi acionado quando encontraram um homem, já quase morto, dentro do quarto de uma pensão vagabunda. O diagnóstico foi overdose. Conseguiram salvá-lo, mas os assistentes sociais resolveram mandá-lo de volta. Seria menos um problema em sua localidade. E assim o fizeram.

A mãe atendeu a porta e quando captou a cena sentiu as pernas esfriarem e tremerem. Esperava pelo pior. Foi avisada do acontecido e informada de que ele carregava consigo uma grave doença que provavelmente o mataria em pouco tempo. Tinha cura, mas devido ao estágio avançado em que se encontrava nada mais podia ser feito.

Ela acolheu sua cria com uma tristeza indescritível no olhar. E todos os planos feitos? E toda a esperança depositada naquele barrigudinho barulhento? Tudo agora eram cinzas frias, que o vento espalhava ao seu bel-prazer. O menino, pois era assim que a mãe ainda o enxergava, foi colocado no mesmo quarto que um dia acolheu sua energia e vitalidade. Sua capacidade limitada quase o proibia de sequer dar um passo.

Certo dia, enquanto a mãe inicia os preparativos para o almoço, às 10 da manhã, foi surpreendida pela sua presença. Caminhava devagar, exalando um esforço imenso para chegar até o degrau que outrora foi seu palco. Arrastava o violão já gasto em uma das mãos. Sentou-se e tocou a canção preferida de sua mais fiel espectadora. A voz sumia e denotava o esforço quase sobre-humano que fazia para cantar. Ela, paralisada, chorava, simplesmente chorava. Não disse nada. Após a música, ele retornou ao seu quarto.

Naquele dia o almoço não foi feito, a emoção causada na mãe foi arrebatante. Passou o resto da manhã e toda a tarde deitada no sofá, consumindo as lembranças daquele que um dia foi sua maior alegria.

Ele morreu dois dias depois de prestar a maior homenagem que qualquer mãe nesse mundo já havia recebido. Foi enterrado junto com seu violão.

Minha Vitrola


Artista: Paulo Diniz


Disco: Paulo Diniz (1974)


Gênero: MPB (serei sincero, coloquei MPB porque não consegui definir o estilo do presente, hehehe)

!


Essa foto é de Dizzy Gillespie. Sem mais comentários.
Não sei o crédito original. A peguei no Blog do Lenhador, onde pode-se baixar muita música boa.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Minha Vitrola


Artista: The Dave Brubeck Quartet


Disco: Time Out (1959)


Gênero: Jazz


quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Minha Vitrola


Artista: J.B. Lenoir

Disco: Vietnam Blues (1967)

Gênero: Blues

Minha Vitrola




Bem meus caros,

Num claro ato de plágio de outros blogs e sites passarei a postar, quase diariamente, artistas ou discos que me refrescam a cuca. Basicamente blues, jazz e rock das antigas, algumas coisinhas de MPB - mas poucas, porque não é minha área - e possíveis excentricidades. Os posts terão o mesmo nome, Minha Vitrola. Achar as músicas na net vai ser com vocês, porque aí já é demais para minha limitada capacidade tecnológica. Mas será fácil, garanto. O período de férias é bom por causa disso, o tempo sobra. Hasta!!!

Estamos sendo Bicados


O capitalismo é uma construção social furtiva, embrenhada por ardis que mantêm a sua sobrevivência. Não que isso seja novidade, mas é que agora acabo de perceber mais uma de suas artimanhas.
Acabo de acender um cigarro com um isqueiro Bic, preto, do formato menor. Notei que a chama está mais alta que antigamente, como se posicionada no +, que regula a chama dos isqueiros maiores. É óbvio, assim o gás acabará mais rápido e terei que adquirir outro acendedor mais rapidamente.
Até assim eles nos pilham. Valha-me Deus ou qualquer outra entidade!

Poucas linhas que dizem tudo


Esta é apenas uma passagem de uma obra, "Os Melhores Jornais do Mundo" (Matías Molina - Editora Globo), que mostra a essência da profissão que escolhi. Para os interessados em comunicação, uma verdadeira lição. Crédito ao Ex-blog do César Maia.


Max Frenkel, antigo editor do NYT:

"Há um visível esforço para lembrar que o jornalismo é uma arte narrativa que une o passado ao futuro, a causa à conseqüência, e que a função dos jornalistas é transformar a mera informação em conhecimento. Os fatos não informam: os repórteres e editores sim."

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A tragédia sabida, mas não anunciada



Sou filho de Rio Piracicaba. Lá nasci em quatro de agosto de 1981. Lá vivi até os 18 anos de idade. E espero que lá meus ossos descansem até se fundirem com a terra. Eu realmente gosto daquela pequena cidade do interior mineiro, de quase 15 mil habitantes, de clima ameno, de topografia amorrada, de um povo que se preocupa primeiro em atender para depois ser atendido.

No primeiro dia de 2008 minha estimada terra natal virou notícia em todo o Brasil, e seu nome ricocheteou até mesmo em terras além-mar. Oito detentos, confinados na cela 1 da cadeia pública do município, padeceram asfixiados pela fumaça de um incêndio que consumiu em poucos minutos colchões, cobertores, roupas e tudo mais que ali se encontrava. Os tutelados buscaram refúgio no minúsculo banheiro da cela e lá seus corpos tombaram entrelaçados, como se tivessem preferido morrer em conjunto, para assim enfrentarem mais corajosamente o golpe da foice que ceifará, cedo ou tarde, a alma de todos nós.

Encontrava-me na cidade quando o fato se deu e escutei várias histórias sobre o início da tragédia. A mais recorrente é a que diz que os presos iniciaram o incêndio para perpetrarem a tática de fuga conhecida como “cavalo doido”. Com o fogo, o carcereiro seria obrigado a abrir a cela para controlar as chamas e, assim que o fizesse, os oito detentos sairiam desgovernados e alucinados em direção à rua, que fica a menos de dois metros das grades. Eles só não contavam com a hipótese de que o mesmo não estaria presente no exato momento do início da ação. Espalhou-se ainda pela cidade o detalhe de que os presos foram advertidos por um policial para que apagassem o pequeno fogo inicial, mas que não deram ouvidos à ordem, pois esta poria abaixo seu plano de fuga. Apenas reproduzo o que vem sendo dito pelos populares. Até o momento não há como saber se tal versão é verídica. O que há de certo é que a causa do incêndio não foi um curto-circuito na rede elétrica da cela, afirmação divulgada pelos peritos que avaliam o caso.

Bem, a grande imprensa mineira aportou em peso na cidade, causando um rebuliço que movimentou mais os moradores que as próprias festividades do réveillon. O frenesi tomou conta de todos. Entrevistas, versões, causas, culpados, familiares revoltados, olhares atordoados de curiosos, tudo emergindo num caldo de açodamento típico da prática jornalística atual. E com o passar da cobertura a própria imprensa começou a denunciar sua falta de faro e interesse para tragédias em gestação, que é o caso especificamente.

Os jornais estamparam em suas manchetes frases como “tragédia anunciada”, “cadeia já estava condenada”, “justiça pediu interdição do prédio em 2006”, e por aí vai. Ou seja, a calamidade já havia sido desnudada pela justiça, mas, como sempre, o olhar das redações dificilmente ultrapassa suas límpidas a climatizadas instalações. Ora, não é trabalho da imprensa fiscalizar e denunciar os desvios do poder público? Não caberia a ela voltar carga para o absurdo que vinha se desenhando há muito em Rio Piracicaba, e que se repete em vários municípios país afora? É óbvio que sim. Mas aqui outro problema surge.

Reconheço que seria pedir muito que jornais de Belo Horizonte, cidade localizada a 127 quilômetros de Rio Piracicaba, se atentassem para o fato. Ora, nem mesmo em sua alçada mais direta, que seria a própria capital, os jornais e demais veículos conseguem antever ou mesmo esmiuçar irresponsabilidades do poder público, que dirá em uma pequena cidade que mal sabem onde fica?

E aí a anemia da imprensa local, interiorana, se mostra latente. Há dois jornais na cidade, de periodicidade mensal, que simplesmente não trataram do caso ou, quando trataram, o fizeram de maneira superficial, incompleta e com vários “dedos”, com a leveza de quem não quer e não pode atingir certas autoridades locais. Todos sabemos que, no interior, veículo de comunicação que não se alinha ao poder político vigente é veículo morto. Digo isso porque a Prefeitura de Rio Piracicaba era uma das responsáveis pela cadeia, num convênio firmado com o poder estadual. O carcereiro é um funcionário do poder municipal, contratado originalmente como trabalhador de serviços gerais. Não recebeu treinamento adequado para exercer a função, era um quebra-galho. E essa anomalia foi chancelada por ambas esferas do poder público.


A cadeia já fora palco de várias fugas. Todos na cidade sabiam das condições precárias em que se encontravam as instalações do prédio, todos estavam carecas de tanto escutar que a cadeia da cidade era um verdadeiro playground, com denúncias de uso de drogas e inúmeras regalias permitidas aos presos. Foram poucas as vezes que os jornais locais se preocuparam com o tema, preferindo usar suas páginas com colunas sociais e amenidades que não estão na pauta prioritária de qualquer veículo de comunicação que se julgue sério e que respeite sua função social.

E assim caminha a capenga imprensa tupiniquim. Os grandes veículos, sediados nas capitais ou em prósperos centros urbanos, não têm disposição de averiguar, ou pior, não se preocupam com o que se passa nos rincões do Brasil. Na cabeça de seus publishers e editores, notícia de interior não vende, é menos importante. Do outro lado, os veículos locais procuram não se envolver em assuntos que atinjam o poder político local, com o medo de serem relegados no momento da partição do bolo publicitário assado com verbas públicas.

Apontar os culpados? Esta sim seria uma tarefa hercúlea, ante tão vasta gama de envolvidos direta e indiretamente nesse processo nefasto. No dia 1° de janeiro de 2008 oito pessoas, sob tutela do Estado, morreram devido às engrenagens desse sistema corroído e irresponsável. Aguardem! Muitos outros pagarão o preço da ineficiência, da falta de escrúpulos, da cegueira conveniente e da incompetência dos entes públicos, a imprensa incluída.